sexta-feira, 15 de julho de 2011

Tarcisio Taborda: uma ausência no bicentenário


por: Cláudio Falcão

[10h:33min] 15/07/2011 - CULTURA
Tarcisio Taborda: uma ausência no bicentenário
Na última quarta-feira foi assinalada a data de nascimento de Tarcísio Antônio Costa Taborda. Uma missa celebrada pelo bispo diocesano, Dom Gílio Felício, rendeu homenagens ao historiador maior da cidade.

De maneira singular Tarcísio levou o nome de Bagé aos louros da História do Rio Grande do Sul. A cidade que ele tanto amou e ajudou a organizar no acervo histórico completa 200 anos sem que seu nome conste em alguma solenidade. Esquecimento? Tarcísio sabia, como poucos, que os erros também passam para a História.

O mestre da nossa história
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A memória de Tarcísio Taborda foi devidamente reverenciada nesta semana com a celebração de uma missa na capela do Museu Dom Diogo de Souza. Estranhamente, na antevéspera da celebração do bicentenário de Bagé e em tempos de homenagens do Legislativo local a cidadãos ilustres que levaram o nome da cidade aos mais inesperados rincões, não foi notada uma linha sequer ao mestre historiador que, com seu trabalho quase apostolar, reuniu o maior acervo histórico regional. Com suas iniciativas, movidas pela paixão pessoal e sem reservas à história local, surgiram as obras que o conduziram à cadeira de número 18 na Academia Riograndense de Letras e os museus de que a cidade se orgulha. O Jornal MINUANO, com o seu caderno Gente & Cultura, rende homenagens ao historiador maior de Bagé, na semana em que foi celebrada a data de seu nascimento, dia 13 de julho. A fatalidade o levou num mesmo dia 13, porém num amargo mês de março, aos 66 anos. Sua trajetória, por demais conhecida e prestigiada ensejou a permanente pesquisa histórica realizada pelos seus amigos e discípulos, que batizaram o grupo com seu nome. Publicamos, aqui, um texto de Elvira Nascimento que homenageia Tarcísio, para que o bicentenário de Bagé seja uma festa completa.

“Tarcísio Antônio Costa Taborda
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Caminhará, para sempre, dentro do Rio Grande do Sul um HOMEM arrastando uma cidade para o céu. Quem o conheceu tangerá de saudade. Sua extrema delicadeza, seu peculiar jeito de falar roçando “rr” e, luminosamente, narrar Bagé como a mais mágica cidade do continente, ressoam em silêncio vasto. Quem não o conheceu perguntará seu nome. Tarcísio Antônio Costa Taborda. Nascido em Bagé a 13 de julho de 1928. Filho de Júlia e Attila Taborda. Um dos grandes historiadores dessa ponta de Brasil e que, submeteu a um inquebrantável humanismo, as mais diversificadas funções que exerceu: professor de História e Direito, magistrado, diretor das Faculdades Unidas de Bagé, vice-reitor da Urcamp, vereador, escritor, jornalista, diretor de Cultura de Bagé e do Estado quando tornou real o sonho da Casa de Cultura Mário Quintana e pré-inaugurou-a. Mas, foi como criador e organizador de um dos mais belos Museus do Brasil — O Museu Dom Diogo de Souza — reconhecido pelo seu primoroso trabalho em todo o país, que Tarsício se converteu, junto com seus tesouros, no tesouro de Bagé. E o poeta Ernesto Wayne lembra: “Bageenseia Tarcísio desde pequeno, o mapa de sua cidade o fez do tamanho do Rio Grande e, ao fazê-lo, levou com ele, Bagé para dentro da Academia Rio-Grandense de Letras, ali fazendo desfilar os vultos daqui”. Narrador apaixonado da guerra e da paz fronteiriças, guardião de suas feridas e belezas, senhor absoluto das memórias históricas e seus mitos, enrolando em nuvem o rigor científico, Tarcísio é o forte de Santa Tecla, o Cerro de Bagé e seu arroio histórico. Tarcísio é a cidade e sua pulsação. Com seu modo tribal e doce de armar rodas comunitárias Tarcísio se fez poeta da palavra exata, escoando claridade com aquele íntimo e universal sabor que o fazia irmão de tantos. O Brasil inteiro o foi descobrindo e o abraçando. Membro de quase todos os Institutos Históricos Geográficos do país. E integrante da Academia Rio-Grandense de História e Letras. E, é dentro desse caudaloso espaço da palavra que se quer eterna, que Tarcísio não será substituído mas se fará densa presença sobre os que o sucederão. A arte do Teatro que o fez captar a atraente dramaticidade da história gaúcha, a da palavra narradora acendendo, um a um, os lampiões da memória sulina, se farão luminoso círculo de energia e criação dentro da amorosa pátria do coração daqueles que revelarão a história. Em seu nome”.
Elvira de Macedo Nascimento


FONTE JM

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