sexta-feira, 14 de outubro de 2011

O adeus a Yerecê Moglia



Cecê, como era carinhosamente chamada por familiares e amigos, morreu em casa, na rua Flores da Cunha, onde repousava há mais de cinco anos. Vítima de um AVC isquêmico, ela permanecia em estado de coma desde 2006. O corpo foi velado na sala Sagrado Coração de Jesus, no Cemitério da Santa Casa de Bagé. Às 22h, o cortejo rumou para o mausoléu da família Móglia, onde o caixão foi sepultado ao lado de seu esposo, Mário Móglia.
Em reportagem recente, assinada por Stela Vasconcellos, o Jornal MINUANO contou detalhes da história da visionária Yerecê, idealizadora do projeto de restauração do Complexo de Santa Thereza. Intitulado "A Bela Adormecida de Santa Thereza emociona Bagé", o texto relata os momentos de orgulho de Cecê ao concretizar seu sonho.

"Em 2004, o complexo passou a ser de utilidade pública da associação, que não tem vínculos institucionais, atendendo ao projeto do então vereador Cláudio Deibler. Em 2005, chegava a equipe técnica da obra, que foi lançada ao final do mesmo ano, com apresentações da Ospa e de Borguetinho no complexo. Yerecê vibrou tanto com a orquestra, que chegou a dizer: 'Agora eu posso morrer feliz'. No ano seguinte, logo após o começo das obras, a bela adormeceu, sem ver a concretização de tudo."

Na entrevista concedida em agosto, a neta Sílvia revelou detalhes do dia em que a vó passou mal. Ela ajudava a conferir as receitas de tricô, que fariam parte do livro que renderia recursos às obras do complexo. "A vó tinha labirintite e eu fui até a porta com ela, que estava um pouco tonta". Era uma quinta-feira.

No sábado, ela já passou deitada e o quadro evoluiu ao coma, porque um AVC isquêmico atingiu o cerebelo, região do cérebro que comanda as funções vitais do organismo.

Levada de avião a Porto Alegre, Cecê recebeu um diagnóstico de 48 horas de vida. Um milagre reverteu o quadro e ela passou a respirar sem aparelhos. O produtor Mário Móglia sentiu muito a falta do carinho da esposa, porque os dois estavam sempre juntos. Chegavam a ler jornais de mãos dadas, descreve a neta Cláudia.

Inconformado, um ano depois do coma de sua amada, o coração de Móglia parou. Hoje, os dois repousam em paz.

Fonte: Jornal Minuano

Páginas da história -Grupo de Bagé.

por: Cláudio Falcão

Nesta edição as páginas da História são dedicadas ao Grupo de Bagé.

Foto: Fototeca Túlio Lopes do Museu Dom Diogo de Souza






Entre 4 a 26 de janeiro de 1976 foi realizado em Bagé o I° Encontro Nacional de Artistas Plásticos, acontecimento que alcançou repercussão nacional, com ampla cobertura da imprensa do país.
Na ocasião, o Museu Dom Diogo de Souza inaugurou uma exposição dos participantes, no total de 40 obras. Além dos integrantes do Grupo de Bagé, estiveram aqui Maria Luiza Leão (carioca), José Ferreira Lima (pernambucano), Antonio Maia (sergipano), Darcy Penteado (paulista), Ana Letícia Quadros (carioca) e João Henrique Curcio.
Os artistas seguiram para o interior do município onde três estâncias foram ocupadas por eles. Em uma delas ficaram os integrantes do Clube da Gravura. A programação previa o isolamento deles para trabalhos e pesquisas durante as três semanas de duração do encontro. Os artistas que participaram buscavam a temática gaúcha.

A formação do Grupo de Bagé

por: Cláudio Falcão

[14h:43min] 14/10/2011 - CULTURA

Por volta de 1945, Glauco Rodrigues, com 16 anos e Glênio Bianchetti, com 17, começam a pintar.

Fotos: reprodução JM

Glauco, Glênio, Danúbio e Scliar




Glênio conseguiu tintas a óleo e foi com elas que Glauco pintou seu primeiro quadro: “moinho ao pôr do sol.” Longe dali, o pintor José Moraes ganha um prêmio de viagem no país, e vem para Bagé, terra de uma parenta de sua esposa, a viúva Stechmann, a qual também era tia de Carlos Scliar, que passava as férias na cidade, na chácara da tia. Na casa do escritor Pedro Wayne, grande nome cultural da cidade na época, José Moraes descobre os jovens Glauco e Glênio interessados em arte e, para eles, ministra aulas de pintura a óleo. E neles faz influenciar a arte moderna europeia relativa às primeiras décadas do século XX. Antes da chegada de José Moraes, ainda em 1945, reunia-se com o Grupo o artista gaúcho Carlos Scliar. Em 1948 aglutina-se ao grupo Danúbio Gonçalves, que já havia exposto em Bagé em 1944, com temática social, estudava no Rio de Janeiro e já viajara para a Europa. Como primeira atitude, o grupo monta um ateliê coletivo de artes plásticas, dando ênfase a pintura. Formava-se o grupo de Bagé, cujo ateliê, no início, foi instalado na chácara da viúva Stechmann, mais tarde transferido para a residência de Ernesto Dutra da Costa, após numa casa no começo da rua sete de setembro e por último no quinto andar de um edifício na praça Silveira Martins.

O reagrupamento
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A primeira etapa do Grupo de Bagé vai até 1949 e termina pela dispersão de seus membros. Danúbio volta à Europa, onde se encontra com Scliar. Voltam ao Brasil em 1950 com novos conceitos e planos para as artes gaúchas.
Glauco, que havia partido para Porto Alegre em busca de um aprendizado com maior disciplina na Escola de Belas Artes, volta para Bagé e reencontra Danúbio, retornando da vivência europeia de pós-guerra, do Congresso de Wroclaw. Danúbio alerta para preocupação social, já enfatizada por José Moraes. Retomam o trabalho em conjunto e começam tudo outra vez, organizam uma revista e um novo ateliê, onde Glauco faz incursões pelo abstracionismo, ao mesmo tempo em que, Glênio era expressionista e Danúbio conserva-se fiel aos figurativos. Daí a organizar o Clube de Gravura de Bagé foi um passo.

“Naquela época não havia nada em Bagé em matéria de arte, à exceção de uns raros livros de poetas modernos. Nós copiávamos folhinhas. Até que um dia descobrimos Segall numa revista acadêmica. Mas o clima do ambiente local era bem de pleno século XIX. Apareceu então Carlos Scliar, voltando da guerra e fazendo conferências, explicando o que realmente era arte moderna. Foi uma grande ajuda.”
Glauco Rodrigues

Carentes de informações sobre arte, os bajeenses encontraram no escritor Pedro Wayne seu mentor intelectual.
“Ele era amigo pessoal dos modernistas Oswald e Mário de Andrade e Menotti Del Picchia. O que sabia de pintura e o que aprendia com esses intelectuais transmitia-nos com gosto. Foi nosso grande orientador”
Glênio Bianchetti

“Tínhamos afinidade ideológica e praticávamos o exercício indispensável ao aprendizado. Quando perguntaram a Cèzanne o que precisava ser um pintor, ele respondeu: primeiro desenhar, segundo desenhar e terceiro desenhar. Percebi que a arte não tem sentido se isolada do povo. Arte é comunhão, é vida.”
Danúbio Gonçalves

“O Prêmio Pablo Picasso foi concedido aos Clubes de Gravura de Porto Alegre e Bagé pela sua coleção de obras em defesa da paz e da cultura. Foi o coroamento do trabalho político que fazíamos e foi, ao mesmo tempo, sem nos darmos conta, o fim de uma linha de trabalho.”
Carlos Scliar

Obras dos bajeenses são restauradas
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Um conjunto de 35 obras do Grupo de Bagé passou por um processo de restauração em Pelotas. O trabalho foi realizado por profissionais da área, especializadas em restauro de obras de arte. A informação é da diretora da Casa de cultura Pedro Wayne, Carmen Barros, que integra a Comissão Gestora de Museus, junto à professora Maria Luíza Pêgas. A restauração é iniciativa do Da Maya-Espaço Cultural, que investiu no trabalho de recuperação das obras. A ação se insere na visão que o Da Maya cultiva de preservar o patrimônio cultural da cidade com atitudes práticas e significativas. “Se essas obras não fossem recuperadas, talvez não as tivéssemos para a mostra que estamos montando”, comenta Carmen. O processo de recuperação levou cerca de quatro meses e já está concluído. Carmen esclarece que algumas gravuras do acervo do Museu da Gravura Brasileira (MGB), já entraram no museu com avarias. “Todo acervo provém de doações e, sendo assim, diversas obras chegam com algum problema.” A medida de restauração, protagonizada pelo Da Maya Espaço Cultural foi mais que providencial, foi oportuna, pois as peças mais avariadas foram recuperadas a tempo. Os cuidados com esse acervo e sua importância para as Artes Plásticas do país motivaram a montagem de uma grande mostra com o material do grupo que se destacou pela autenticidade. A exposição será dividida em três momentos: “Convergências”, com as gravuras mais antigas que indicam a formação do grupo. “Memórias”, que reunirá uma série de fotos e documentos da época retratando a trajetória dos artistas e até mesmo a criação do MGB em Bagé. Por último, “Deslocamentos”, que trará obras de cada um deles já com suas identificações e expressões particulares, sem que se perca o sentido coletivo. A mostra Convergências abrirá no dia 25 de outubro, no Espaço Cultural Da Maya. Uma semana depois serão abertas as outras exposições, Memórias que acontecerá no Museu da Gravura Brasileira e Deslocamentos, no Complexo Cultural Dom Diogo de Souza.




Sem Título, Xilogravura, 1951,Glênio Bianchetti





O moinho ao pôr-do-sol, 1945, Glauco Rodrigues






Carreta e Carroça do Galpão, Linóleogravura, 1956, Carlos Scliar





Sem Título, Xilogravura, 1963, Danúbio Gonçalves

Inventário arquitetônico resulta em mostra de prédios antigos





por: Glauber Pereira

[23h:35min] 15/10/2011 - PATRIMÔNIO HISTÓRICO
Inventário arquitetônico resulta em mostra de prédios antigos
O curso de Arquitetura e Urbanismo da Urcamp encontra no desenvolvimento urbano da cidade excelente fonte de atividades acadêmicas.

Antoniel Martins/Especial/JM

ORIENTAÇÃO: Marília Barbosa diz que exposição será itinerante


Além da produção publicada em revista, professores e alunos lançarão, durante o Congrega Urcamp, uma mostra com 22 banneres, como resultado de um projeto de extensão em Educação Patrimonial.
Orientadora da atividade, a professora Marília Pereira de Aldovino Barbosa antecipa que o material foi produzido a partir de um inventário solicitado pela prefeitura frente à necessidade de apontar o interesse arquitetônico de prédios históricos da cidade, numa contribuição aos novos parâmetros de desenvolvimento urbano. Desenvolvido em 2009, o projeto catalogou 20 imóveis não pertencentes ao poder público com o objetivo de determinar sua descrição de acordo com os modelos de fichário aprovados pelos institutos de patrimônio histórico e artístico gaúcho e nacional. Construções que fazem parte do dia a dia dos bajeenses e que são reconhecidos há décadas como unanimidades na preferência da população, como o Clube Comercial, Museu Dom Diogo de Souza e o Imba fazem parte da mostra. Depois do Congrega, o material deverá percorrer a cidade em exposições itinerantes

Roteiro turístico
Outro produto que integra as ações de interação entre o curso e a comunidade é a confecção de um folheto turístico para o passeio orientado oferecido pelo Congrega Urcamp de 2011. O material será distribuído aos visitantes inscritos, contendo os principais pontos a serem visitados com orientações de professores. O folder foi montado a partir das principais prédios inventariados pela disciplina de História da Arquitetura, Urbanismo e Arte V, ministrada pela professora Maria de Fátima Schmidt Barbosa.

Comunidade debate projeto de resgate do Forte de Santa Tecla


por: Melissa Louçan

[22h:52min] 15/10/2011 - PATRIMÔNIO HISTÓRICO

Marco importante na disputa territorial da região,...

REPRESENTANTES: diversas entidades estiveram reunidas para sanar dúvidas sobre restauração o Forte de Santa Tecla foi erigido em 1774 pelos espanhóis a fim de terem um lugar seguro de onde pudessem criar estratégias para rechaçar os portugueses e resistir a ataques. Mais de 200 anos após a construção, a Prefeitura de Bagé, e o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) unem forças para resgatar a memória do local.
Em audiência pública ocorrida na tarde de ontem, o projeto foi apresentado pela arquiteta responsável, Joelma Silveira, da Secretaria Municipal de Coordenação e Planejamento. Ela levou os presentes a uma viagem ao passado, onde abriu o panorama histórico do lugar e apresentou o projeto do parque. A ideia consiste no resgate histórico do lugar, com demarcações feitas por painéis informativos onde outrora os espanhóis se abrigaram das batalhas. Também será disponibilizada área de lazer, com midiateca, área com estrutura para camping, área de comércio de souvenirs, além do reaproveitamento e ampliação do museu já existente no local, que também abrigará um memorial com a história do forte e maquete do lugar. "É um espaço que precisa ser preservado, cuidado, já que é um dos únicos exemplares de forte em nível de Rio Grande do Sul", afirmou a arquiteta.
A também arquiteta Vera Ramos, atual presidente do Compreb (Conselho Municipal de Preservação do Patrimônio Histórico, Cultural e Ambiental de Bagé), comentou a importância do projeto para o desenvolvimento do turismo, economia e cultura local: "Esse resgate tem grande importância para a região, em termos de história da ocupação territorial, ainda mais na comemoração do bicentenário de Bagé". Afirmação endossada pelo secretário de Coordenação e Planejamento, Luís Alberto Gonçalves Silva. "Esse projeto se desenvolve em prol da preservação da história e cultura de Bagé, para entender quem fomos e pensar no que queremos ser."
Após a explanação da arquiteta, foi aberto espaço para questionamentos dos presentes sobre a obra. Representantes do Exército Brasileiro, Neab, Ubam, Museu Dom Diogo de Souza, Compreb, Ecoarte, Núcleo de Pesquisas Históricas Tarcísio Taborda, Urcamp, Unipampa, Câmara de Vereadores e secretarias municipais, além de empresários locais, estiveram presentes para a explanação.
O projeto, que já foi aprovado junto ao Iphan, possui recursos de R$ 1 milhão garantidos para subsidiar a obra.