quinta-feira, 13 de maio de 2010

Um passeio por Bagé

Assim como o vinho, o município de Bagé vem melhorando com o tempo. As belas e antigas construções do centro histórico estão sendo restauradas, e a cidade está mais bonita. Para conhecê-las, a dica é calçar sapatos ou tênis confortáveis e sair pelas ruas caminhando. O passeio pode começar pela Praça Silveira Martins, onde o que chama a atenção é o antigo coreto municipal. Inaugurado no dia 15 de novembro de 1927, o espaço serviu de palco para bandas municipais e comícios de importantes políticos, entre eles, os ex-presidentes Jânio Quadros e Juscelino Kubistchek.
Em frente à praça fica o prédio da antiga intendência municipal. Inaugurado no ano de 1900, a parte térrea funcionou como cadeia durante anos. Uma curiosidade é que a porta principal foi doada por um uruguaio – Roberto Magalhães Suñe – e os entalhes foram feitos com 900 quilos de ferro e 600 quilos de bronze.
Ao lado da prefeitura, a Igreja de Nossa Senhora da Conceição teve sua primeira missa realizada em 1966, e a primeira capela foi construída ainda em 1869. A imagem da Santa veio de Concepción no ano de 1870, decorrente da guerra do Paraguai. Um pouco mais adiante, a atual casa de cultura da cidade. O espaço recebeu o nome de Pedro Wayne em homenagem ao escritor, jornalista e animador cultural de Bagé, falecido em 1951. Ainda na avenida central, chegamos ao Palacete Pedro Osório. Sua construção data do início do século 20 e foi a residência do doutor Pedro Osório. Há quem diga que o prédio em estilo neoclássico é uma réplica de uma casa da região da Bologna na Itália, outros que é uma cópia de uma construção existente em Paris. As duas estátuas de cachorros feitas em ferro fundido foram colocadas ali alguns anos após a sua construção. Hoje, o espaço abriga a Secretaria de Cultura de Bagé.
E, falando em cultura, cultivar uvas e produzir vinhos já não é mais exclusividade da serra gaúcha. Foi inaugurada na cidade a primeira vinícola que une vinhedo e cantina.

" A notoriedade da cidade de Bagé, está...

" A notoriedade da cidade de Bagé, está na história de seu povo, na preservação de suas ruas, prédios e fazendas, tornando maior a sua importância."!

Manoel Ianzer

História de Bagé

LOCALIZAÇAO: Fronteira do Rio Grande do Sul, a 60km do Uruguai.

FUNDAÇÃO: Em 1811 pelo governador do RGS, Dom Diogo de Souza.

ORIGEM DO NOME: Bagé - "É indígena", vem do cacique minuano chamado IBAJÉ, ou da linguagem indígena "bag" que significa serros.

Bagé foi elevada a cidade em 1859.
A colonização da região iniciou-se com a chegada dos europeus: Portugueses e espanhois (séc. XVII).
DIVERSOS CONFLITOS ENTRE EUROPEUS E NATIVOS
O principal foi em 1752, quando 600 índios charruas, comandados por Sepé Tiarajú, rechaçaram os enviados das coroas de Portugal e Espanha que, amparados no tratado de Madri, pretendia regulamentar os limites territoriais dos dois impérios.
--------------------------------------------------------------------------
Em 1773, D. Juan José Vertiz Y. Salcedo, vice-rei de Buenos Aires, com 5.000 homens atarvessaram o Uruguai e chegaram a Serra Geral Bagé.

AS TERRAS DE BAGÉ

1810 - Pelo Tratado de Santo Idelfonso, mais da metade das terras do município de Bagé pertenciam à Espanha. O avanço do território gaúcho se deu com a marcha do Exército de Dom Diogo de Souza, que estabeleceu um núcleo permanente (1811).
1811 - Fundação de Bagé pelo português e governador do estado do RGS - Dom Diogo de Souza.
1825 - D. Carlos de Alvear invadiu as terras de Bagé.
1827 - As forças do general Lavalleja entraram em Bagé, saqueando e destruindo tudo que encontravam pela frente. A maioria dos habitantes fugiram para as fazendas.
1836 - O General Antônio de Souza Neto, em violento combate, conhecido como a Batalha do Seival, derrotou as Forças Legalistas e proclamou a República Rio Grandense na área do município.
1854 - Início das obras da bica (água potável) para abastecer a população.
1859 - Bagé é elevada a categoria de cidade.
1884 - Bagé passa a ser servida por ferrovia.
1889 - Bagé é a primeira cidade do Rio Grande do Sul a ter energia elétrica, e a terceira do Brasil.
1890 - A população de Bagé era de 30.000 habitantes (19.000 na zona rural e 11.000 na zona urbana).
1893 - Na Revolução de 93, quando os federalistas reagiram à ascensão dos republicanos, Gumercindo Saraiva invadio o Rio Grande do Sul pelo Rio Jaguarão e, no Passo do Salsinho, foi travado o primeiro combate. O município testemunhou os combates Das Trairas, O Cerco do Rio Negro, e o Sítio de Bagé. No Rio Negro, 300 prisioneiros foram degolados, sem direito a defesa. (Os vitoriosos de guerra preferiam matar os prisioneiros degolando, para economizar munição).
1897 - nº1) Fundação da Assossiação Comercial de Bagé.
nº2) Inauguração da Charqueada Santa Thereza.
nº3) Primeira exibição cinematográfica em Bagé
nº4) Inicio do calçamento de Bagé.
1900 - nº1) É fundado o Centro Gaúcho de Tradições.
nº2) Inauguração do prédio da Prefeitura Municipal de Bagé.
nº3) A Charqueada Santa Thereza pertencente ao Visconde de Ribeiro Magalhães foi tão importante para Bagé, que alguns estabelecimentos da cidade estavam entre as 100 maiores indústrias do Brasil.
1901 - Implantação do telefone em Bagé.
1902 - Inauguração da Charqueada São Domingos - Bagé.
1912 - Inauguração da Primeira Feira Agropecuária de Bagé.
1939 - A população de Bagé era de 59.000 habitantes.
1940 - Bagé é uma das cidades mais ricas do Rio Grande do Sul e do Brasil.
1943 - O navio de passageiros Bagé do "Lóide Brasileiro", é torpeado na Costa de Sergipe (Segunda Guerra Mundial). Dos 134 passageiros e tripulantes, salvaram-se 106 pessoas.
1947 - Bagé atinge o auge de prosperidade, com a construção do primeiro prédio com elevador.
1951 - Fundação do "Clube da Gravura de Bagé", pelos quatro de Bagé (Glauco Rodrigues, Glênio Bianchett, Danúbio Gonçalves e Carlos Scliar). Bagé ainda transpirava progresso, incluindo a cultura.
1952 - Bagé esta com uma população de 70.000 habitantes.
1960 - Foi criada a Diocese de Bagé, pelo Papa João XXIII.
1961 - É nomeado o primeiro Bispo de Bagé, Dom José Gomes do clero de Passo Fundo.
1966 - A população de Bagé é de 95.000 habitantes.
1969 - nº1) Bagé recebeu uma pedra vinda da Lua (Museu Dom Diogo de Souza).
nº2) O Papa Paulo VI, nomeia Dom Ângelo Feliz Mugnol (auxiliar de Pelotas), para Bispo de Bagé.
1977 - Fundação do Museu da Gravura Brasileira na cidade de Bagé, pelos artistas conhecidos como os quatro de Bagé (Glauco, Glênio, Danúbio e Scliar).
1981 - O navio tanque Bagé, foi a segunda unidade de uma série de 3 navios encomendados em outubro de 1981 pela Petrobrás.
1982 - O Papa João Paulo II, nomeia O Bispo Coadjutor de Bagé, o Padre Laurindo Guizzardi, que estava em curitiba, para Bispo de Bagé.
2000 - Bagé destaca-se no cenário internacional por sua atividade primária, produzindo umas das melhores carnes do mundo.
2001 - Bagé promove o maior churrasco do mundo, com a participação de 30.000 pessoas em 1 dia.
2002 - O Papa João Paulo II, nomeia Dom Gilio Felício (Bispo Auxiliar de Salvador), para Bispo de Bagé que toma posse em 2003.
2004 - O Navio Tanque Bagé, é vendido no Rio de Janeiro, é renomeado Bagi, recebendo a bandeira do Panamá.
2005 - Bagé esta com 120.000 habitantes.
2007 - Atualmente o município de Bagé, é o maior centro de cavalos de corrida do Brasil.

Os símbolos do Hotel do Comércio

O Hotel do Comércio, fundado em 1842, foi o primeiro hotel de Bagé. E se celebrizou por suas acomodações, serviços de cozinha e adega.Nas paredes externas encontramos representações do capacete alado e caduceu, do deus do comércio Hermes (Mercúrio). O primeiro item evidencia a agilidade, invulnerabilidade, invisibilidade e elevação. Já o caduceu é um bastão em torno do qual se entrelaçam duas serpentes, representa o sentido do universo, sua dupla face, que pode ser o benéfico ou maléfico, o antagonismo e o equilíbrio cósmico. Seu mito está relacionado ao caos primordial, onde das serpentes lutavam e foram separadas por Hermes. Quando finalmente se enrolaram ao bastão passaram a simbolizar o equilíbrio das forças contrárias.Em outra versão mítica Hermes teria roubado parte do gado de Apolo, deus do sol e da luz da verdade. Visando se reconciliar, Hermes o presenteou com uma lira (feita de casco de uma tartaruga com cordas de tripas de boi) e uma flauta.Em retribuição Apolo lhe deu o caduceu, que é um dos símbolos mais antigos e pode ser encontrado em vários ritos e mitologias da Índia e Europa.Atualmente, é tido como símbolo dos cursos de odontologia, farmácia e medicina. Na realidade é o emblema do comércio e da contabilidade, pois a área médica é representada pelo o caduceu de Asclépio, deus da medicina, representado por um bastão tosco com apenas uma serpente enrolada.Tal erro iconográfico foi causado pelo exército norte-americano que adotou o caduceu de Hermes como insígnia do seu departamento médico. Ainda hoje nos Estados Unidos é usado como símbolo da medicina em Universidades, sociedades médicas, hospitais e instituições públicas e privadas ligadas à saúde.Os símbolos de Hermes presentes no antigo Hotel do Comércio foram adotados para proteger os negócios e prover bons lucros. Fato que pode ser confirmado através da história do célebre estabelecimento.

Relógio


Relógio do antigo Mercado Público Municipal


Por ocasião da venda do Mercado Público formaram-se duas correntes: uma que defendia a tese da necessidade da venda porque a cidade crescera, apesar de útil, estava encravado no coração desta; outro argumento era que a prefeitura estava insolvente, os funcionários com salários atrasados e esta seria a única fonte de recursos para investimento num novo mercado.
Infelizmente venceu a corrente que demoliu o Mercado Público de Bagé, que hoje, se ainda existisse, seria motivo de orgulho para os Bageenses.
Nas negociações, ficou acertado que um andar do Edifício Ibagé iria abrigar a Câmara de Vereadores. Outro ítem da negociação, provavelmente por questões sentimentais (preservação da memória), foi apresentada uma emenda especificando que o Relógio do Mercado não entraria no negócio. Ficou alguns anos guardados e, em 07 de setembro de 1983, foi instalado nesta praça.
O Relógio do Mercado construído neste quarteirão em 1862 e Demolido em 1955. Era de fabricação francesa e datada de 1917. As colunas que atualmente o sustentam foram projetadas pelos arquitetos Maria de Lourdes Costa e Sérgio Coirolo.

Obelisco


Na Praça Gaspar Silveira Martins, existe um obelisco comemorativo ao Centenário de Independência, de autoria de Henrique Tobal, inaugurado em 7 de setembro de 1922.A origem dos obeliscos está no antigo Egito, eram blocos monolíticos que representavam o primeiro raio de sol, o primeiro contato do deus Rá com os Homens.O monumento é um pilar de pedra alongado de forma quadrangular, cujo topo tem formato de pirâmide. Os lados possuem inscrições hieroglíficas. E, segundo o historiador Jacques Le Goff, os obeliscos foram os primeiro suporte da escrita, juntamente com as estelas.Os egípcios possuíam três tipos de escrita: a hieroglífica, composta por ideogramas figurativos (a mais antiga, considerada sagrada), utilizada em túmulos e templos; a hierática, usada pelas pessoas cultas, era uma forma cursiva do hieróglifo; e a demótica, uma simplificação da hierática, muito utilizada em escritos administrativos e no comércio.As inscrições presentes no obelisco deveriam narrar a vida e as glórias do governante (Faraó) responsável por sua construção, eternizando sua memória. Caso fossem apagadas as inscrições, a história se perdia.Com o passar do tempo passaram a ter funções ideológicas e políticas, mas continuaram a serem símbolos de dominação, hegemonia cultural e do poder real.O obelisco mais famoso é o de Luxor, que foi transportado para a Praça da Concórdia, em Paris, mas existem outros espalhados pelo mundo, construídos para lembrarem fatos históricos.No Rio Grande do Sul existem vários consagrados a Revolução Farroupilha, eternizando o fato em si ou seus heróis, que podem ser encontrados nas cidades de Porto Alegre, Garibaldi, Viamão, Pelotas, Piratini, Novo Hamburgo e Dom Pedrito.