quarta-feira, 6 de abril de 2011

Exemplo de preservação



Uma peça arquitetônica que é exemplo de conservação por parte dos proprietários é a casa pertencente à família Nicoloso.

Localizada na avenida Marechal Floriano, entre as ruas Marechal Deodoro e Ismael Soares, o projeto do arquiteto Lourenço Lahorgue impressiona pelo requinte. Construída na década de 20, a casa traz detalhes na arquitetura da fachada, com riqueza nos detalhes.
A proprietária, Carla Nicoloso Lucas, 49 anos, lembra que reside no local há 39 anos. Ela revela que preserva o local por que este era um desejo do pai, que adquiriu o imóvel junto à família Cantera. “A gente faz o impossível para preservar. Houve muito reforma logo que a família adquiriu a casa, e eu me interessei porque meu pai gostava muito dela. Mas não é fácil manter”, explica.
Ela entende que é necessário que o município ofereça benefícios para os proprietários que preservam prédios históricos. A opinião é compartilhada pelo marido, Mário Emir Mansur Lucas, 52 anos. “Os patrimônios históricos são mais valorizados em outros municípios. É preciso um incentivo. Quando um proprietário tem um imóvel em más condições, as propostas de venda são tentadoras, mas entendemos que é imprescindível conservar”, explica Lucas.
Carla destaca que poucos cômodos da casa foram adequados para tornar o ambiente mais agradável, no entanto, a parte externa é mantida intacta. “Eu tenho um valor sentimental, por causa da família. Mas essa casa tem história, é centenária e tem um valor arquitetônico significativo”, entende. A propriedade ainda não foi tombada como patrimônio histórico, mas é inegável o valor neste aspecto.
A historiadora Elisabeth Fagundes lembra que o engenheiro Dilermando de Assis chegou a residir no local. Assis estava envolvido com o assassinato do escritor Euclides da Cunha, do clássico “Os Sertões”, e além desta casa da Marechal Floriano, chegou a realizar e projetar outros trabalhos em Bagé. Elisabeth entende que uma construção não é apenas material, e que também é memória e ensina os habitantes a terem amor pela cidade.
No entanto, a historiadora afirma que as negociações são complicadas. “Particularmente gosto muito de história, e acho importante a preservação, mas entendo o lado dos proprietários, que também ficam amarrados”, explica. Assim como a família Nicoloso, ela entende que é necessário maior incentivo para a conservação por parte do poder público.
Elisabeth lamenta que a verdadeira casa que foi projetada e era propriedade de Dilermando de Assis, localizada nas proximidades da Escola Estadual Justino Quintana, foi demolida recentemente.

Dilermando de Assis
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O militar, engenheiro e escritor gaúcho Dilermando de Assis entrou para os anais da história brasileira a partir de uma tragédia. Ele mantinha relações extraconjugais com Ana da Cunha, esposa do escritor Euclides da Cunha, imortal da Academia Brasileira de Letras. Cunha descobre o envolvimento da esposa com Assis, e em um acerto de contas, acaba morto. Mais tarde, um dos filhos de Euclides tenta vingar o pai e promove um atentado contra Assis, que, mesmo ferido, mata o jovem herdeiro dos Cunha. O romance com Ana rende um casamento de 14 anos, mesmo após o desenrolar dos fatos.



FONTE JM
por: Calvin Furtado 06/04/2011

Inventário arquitetônico enfrenta impasse

No ano passado, durante a Semana do Patrimônio Histórico, foi reforçada a possibilidade de o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) produzir um inventário dos bens materiais e imateriais de Bagé, através da Universidade Federal de Pelotas. A expectativa era de que o trabalho tivesse a duração de um ano, com o custo de cerca de R$ 200 mil, porém, nenhum prazo chegou a ser dado para o início do trabalho.
Em contato com a secretária municipal de Cultura, Roséli Safons, a reportagem apurou que já foi assinado um convênio com a Universidade de Pelotas no ano passado. Mas os recursos ainda não foram liberados pelo Instituto, já que o repasse de verbas foi suspenso temporariamente em função de troca de coordenações. Roséli afirmou, inclusive, que a Secretaria tem cobrado agilidade nos trabalhos, já que o inventário do patrimônio imaterial é de total interesse do município.
Já no caso do patrimônio material também há impasse, mas gerado por outro detalhe, uma visita de coordenação de Brasília, também ainda sem data agendada. Portanto, os trabalhos são complementares, mas independentes e ambos estão temporariamente parados, sem prazo de início efetivo.
Um levantamento chegou a ser desenvolvido pelo curso de Arquitetura da Universidade da Região da Campanha e apontou 20 imóveis de interesse arquitetônico e cultural, entre eles a Catedral de São Sebastião, a sede da Sociedade Espanhola, o solar da Sociedade Espanhola, Hospital da Beneficência Portuguesa, Clube Comercial, Clube Caixeiral, Igreja Nossa Senhora Auxiliadora, Capelas São José e da Santa Casa de Caridade de Bagé, Pórtico, sede da Associação Rural de Bagé, prédio da antiga Usina Elétrica de Bagé, Capela de Santa Thereza, Vila Vicentina, Sociedade Protetora dos Artistas, prédio dos Correios e Telégrafos, Escola Estadual Silveira Martins, Escola Mélanie Granier, Capela do Colégio Espírito Santo, Teatro do Colégio Auxiliadora e Quartel do 3º Batalhão Logístico.


FONTE JM
por: Maritza Costa Coitinho 06/04/2011