sexta-feira, 20 de julho de 2012

Era uma vez um fidalgo português

por: Sapiran Brito [23H:32MIN] 20/07/2012 - OPINIÃO Bagé não era para ser aqui e sim, logo ali, onde estava localizada a então, Guarda de São Sebastião, posto avançado do Império que mantinha esse destacamento militar para viajar a fronteira com os espanhóis. Ocorre que, Dona Carlota Joaquina, espanhola, esposa de Dom João VI conspirava contra o marido porque sonhava um dia tornar-se rainha da América Espanhola, ou seja, todo o Prata e os demais territórios ao oeste, banhado pelo oceano pacífico que acabaram por força das guerras de independências se transformando em inúmeras republiquetas. Foi o que se deu por aqui. Artigas movia guerra contra os espanhóis objetivando a independência da então, província Cisplatina, que mais tarde acabou se concretizando na República Oriental Del Uruguay. Dona Carlota convenceu seu marido a enviar um exército de três mil homens para socorrer os espanhóis sediados em Montevidéu, esta força recebeu o nome de “Exército Pacificador” constituído pelas guarnições sediadas na Província de São Pedro e comandadas por Dom Diogo de Souza, então governador da província. Dom Diogo Martim Afonso de Souza Telles, Conde de Rio Pardo não era um generaleco qualquer e sim um fidalgo da mais fina estirpe, descendente daqueles que haviam expulsados os Mouros de terras portuguesas. Homem preparado, doutor em Matemática por Coimbra, prestou relevantes serviços à coroa portuguesa ao longo de toda sua vida, cumprindo missões de relevância, governando colônias de modo a assegurar a integridade do império português e outras “cossitas mais”. Quando em 1811, passou por aqui não tinha intenção nenhuma de fundar uma cidade, sua missão era debelar a revolta Oriental. O mau tempo, porém, conspirou contra ele e seu exército deve que ficar um tempo acampado, ali, aos pés dos Cerros, mais ou menos entre o atual cemitério e o Passo do Príncipe. Só que vive aqui pode dimensionar os efeitos de um inverno daqueles de antigamente. Se hoje com todo o conforto que temos, passamos por todas essas agruras, imaginem há 200 anos atrás o sofrimento daquela gente. Foi só melhorar o tempo e cessar a chuva, o gajo se mandou pra Maldonado. Chamou Pedro Fagundes de Oliveira, então comandante da Guarda de São Sebastião e nomeou-o comandante do acampamento de Bagé e deixou com ele a pior herança, aqueles que não poderiam continuar a marcha, crianças, mulheres, comerciantes, vivandeiras, velhos e doentes. Estes mais os índios foram os nossos primeiros ancestrais. As coisas se acalmaram por Montevidéu, Dom Diogo não precisou entrar em ação e retornou para a Corte do Rio de Janeiro. Mas aquela gente que ele havia deixado aqui tomou gosto pela terra e por aqui se aquerenciou. Uma capela, um bolicho, uma cancha de osso e carpeta, uma ferraria, um frege, um hospital de campanha... e assim foi se formando o povoado que veio dar no que deu a Bagé Bicentenária. Quando se instalou a República esta tentou, inutilmente, apagar a história passada, ou seja, o valor e as glórias do império. Criou-se a mentira que português é burro, que Dom João VI era um poltrão, que Pedro I era um vulgar mulherengo e que Pedro II era um babaca. Ideias que ainda permanecem vivas na cabeça dos desinformados que não estudam e sequer leem. Nosso segundo imperador era um sábio e estadista. Nosso primeiro, quando retornou para Portugal era querido por várias nações que sonhavam,coroá-lo, o rei da Europa com Portugal agregando vários outros países a seu território, isso só não aconteceu pela morte prematura de Pedro que poderia ter se tornado o outro “Grande”, quanto ao pai desse menino, o velho João, disse dele Napoleão –“Este foi o único que conseguiu me enganar”, e olhem que o corso foi talvez a maior raposa da história. Sem condições de enfrentar os exércitos napoleônicos, Dom João VIestrategicamente mudou seu reino para Colônia, dizem que ele fugiu, queriam o que? Que ele fosse destronado pelo nanico. Nenhum outro rei da Europa teve a coragem e a visão de fazer o mesmo. Com isso lucramos nós, Dom João VI inventou o Brasil transformando uma colônia abandonada em sede de um império, assegurando a integridade do território continental português, hoje brasileiro, enquanto as terras coloniais de Espanha foram pulverizadas como eu já disse lá em cima, em pequenas republiquetas. Abriu os Portos, criou a Casa da Moeda, a Biblioteca Nacional, o Banco do Brasil e outras tantas mais e assim começou de fato a nascer a nação brasileira. Apesar de toda sua obra continuada pelos seus dois filhos ainda existe desavisados que acham que Dom João VI não passava de um bobalhão quando na verdade, ele foi um grande estadista. Seu amigo, Dom Diogo, homem da sua inteira confiança incidentalmente propiciou o nascedouro de nossa cidade e agora nestes 201 anos seu busto volta ao pedestal na praça que leva seu nome e é popularmente conhecida como a Praça do Cemitério por iniciativa da Sociedade Portuguesa de Beneficência com o apoio da Municipalidade. Trata-se de uma obra em concreto encomendada ao escultor bajeense honorário, Sérgio Coirolo. Esperamos que os vândalos não o levem como fizeram com o primeiro um bronze de Caringidoado a Bagé no ano de 1961 pelo então governador do estado Leonel de Moura Brizola. (Essa gente do PDT sempre encontra um jeitinho de falar no “Briza”). fonte JM

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