segunda-feira, 13 de setembro de 2010

Cidade é militar desde a fundação

por: Niela Bittencourt
Há quase 200 anos, as condições geográficas favoráveis de uma região fronteiriça motivaram as tropas pacificadoras de Dom Diogo de Souza, que marchavam rumo a Montevidéu,...
a montarem um acampamento no local para descanso e reorganização do contingente. Ao partir, a coluna deixou no acampamento um grupo de militares, e agregados à tropa, feridos e doentes. Esse montante passou a adaptar o local às suas necessidades básicas sob o comando do tenente Pedro Fagundes de Oliveira. Com isso, de maneira progressiva, surgiu um pequeno povoado, hoje o município de Bagé.Conforme explicou o mestre em História pela Universidade de Passo Fundo, Cláudio Lemiezeck, o potencial da localidade para servir aos militares como ponto roteador de travessia equidistante entre cidades como Pelotas e Santana do Livramento, e, também, como ponto de partida principal no caminho a Montevidéu, impulsionou o desenvolvimento. Uma vez que a circulação de militares e comerciantes prosseguiu nos anos seguintes.Na história, Bagé figura como cenário de inúmeras revoluções, que envolveram líderes militares. Em 1827, por exemplo, a Guerra da Cisplatina marcou as disputas entre Brasil e Uruguai. Já na Revolução Farroupilha, republicanos e imperialistas passaram pela cidade e, outros, estabeleceram-se na região durante o período do conflito. O Duque de Caxias iniciou aqui, em 1844, as conversações em busca da paz, que envolveram, ainda, o general Antônio de Souza Netto e Vicente de Fontoura. Já em 1893, acontece a Revolução Federalista, quando Carlos Telles, Joca Tavares e Gaspar Silveira Martins foram figuras de destaque. Cabe lembrar, a resistência dos militares, chefiados por Carlos Telles, ao cerco dos Maragatos, uma das disputas mais sangrentas que a cidade testemunhou.“Bagé foi berço de grandes guerreiros, que sempre estiveram envolvidos com o serviço militar”, enfatizou o historiador. Entre eles, destaca os considerados patronos das armas da cavalaria e da artilharia, General Osório e General Mallet, respectivamente, que residiram e constituíram família na cidade. Segundo ponderou, porém, a importância real da cidade para os militares era estratégica. Fato confirmado desde as disputas entre as coroas portuguesa e espanhola, a partir do Tratado de Tordesilhas.

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