domingo, 25 de março de 2012

O cacique visita Bagé

por: Cláudio Falcão [20H:14MIN] 26/03/2012 - ESPECIAL Depois da cidade ter recebido o pajé Tchydjo, da tribo Kariri-Xocó, que vive em Alagoas, agora acolhe o cacique guarani Ariel Ortega. VIVIANE ABEJAMEDA/ESPECIAL JM
ATO: ritual em volta da fogueira pede proteção O pajé alagoano veio para participar da Semana Intercultural e Religiosa, no ano passado. O cacique está aqui como convidado da equipe de produção do longa-metragem “O Tempo e o Vento”, do diretor Jayme Monjardim. Ortega, cujo nome em guarani é Kuaray Poty, nasceu na província argentina de Misiones. Seu pai é guarani-argentino e sua mãe, guarani-brasileira. Ele tem 26 anos e, há três, foi escolhido como líder da comunidade indígena Alvorecer, em São Miguel das Missões (RS). Sua presença em Bagé se deve à participação do elenco indígena no filme, quando o cacique deverá auxiliar na escolha dos figurantes que virão da comunidade. Existe ainda, a possibilidade que Kuaray Poty faça algum tipo de figuração nas filmagens, admitiu ele. Cineasta O grande diferencial do cacique é a sua atividade como cineasta. Ele já fez três documentários a respeito do cotidiano do povo indígena, em especial o povo Guarani. Segundo Poty, os guaranis são um povo sem fronteiras. Estão presentes no Brasil, Argentina, Paraguai e Bolívia. E, nesses documentários, o líder guarani revela características de sua gente, como eles encaram o curso da vida, sem o estresse permanente do homem branco. A autenticidade de seu trabalho, “Bicicleta de Nanderu”, já lhe valeu diversos prêmios no Brasil e viagens de divulgação pela Espanha, França, Alemanha e Suíca. O nome Kuaray Poty, de acordo com a tradução oferecida por Ortega, quer dizer Raio do Sol; por analogia pode-se entender que o cacique é uma pessoa que tem a missão de iluminar seus irmãos índios. De fato, além de ser o cacique escolhido por sua comunidade, ele pode vir a ser, também, um líder espiritual, ainda que não tenha bem clara para si essa situação. Seu avô materno desempenha funções de lideranca política e espiritual em uma comunidade Mbya-Guarany da província de Misiones, na Argentina, e se constitui numa das principais referências de conduta de Kuaray Poty. “Meu maior sonho é ter a sabedoria do meu avô e poder passá-la para meus filhos e netos”revelou. A respeito de sua formação, o cacique admite que não estudou como os homens brancos. Teve alguma educação na Argentina, mas foi ao estilo índio. De modo geral existem professores da própria aldeia e as crianças começam a aprender português depois dos nove anos. “Não temos a obrigação de ter uma profissão como os brancos. A nossa religiosidade também e diferente. Chamamos de espiritualidade, mas não existe um nome para isso. Temos nossos deuses ou espíritos, o conjunto deles chamamos de Nanderu. Acredito que foi a nossa espiritualidade que nos manteve unidos e nos ajudou a desenvolver a capacidade de adaptação às dificuldades”, disse ele. Uma das principais dificuldades do povo guarani é ver demarcadas e legalizadas as suas terras. No Rio Grande do Sul são 25 comunidades indígenas e algumas ainda sofrem com a falta de reconhecimento de sua área física. Cerimônia Na última sexta-feira, na Pousada Chácara das Roseiras, o cacique realizou uma cerimônia religiosa que eles chamam de “Nemboatey”. Nesse ritual, as pessoas se reúnem ao redor do fogo e simplesmente conversam, esperando inspiração espiritual. “Para nós as palavras são muito importantes e no Nemboatey buscamos as ‘belas palavras’ que resultam dessa reunião”, explicou. De certa forma, a cerimônia serviu para pedir a proteção e ajuda dos espíritos guaranis para as atuações do povo indígena nas filmagens. Kuaray Poty disse que essa foi a primeira vez que esteve em Bagé, mas já soube da presença de irmãos índios aqui, no passado, e o Nemboatey serviu, também, como uma reverência à memoria deles também. fonte jm

2 comentários:

  1. Bagé tem tanta coisa a oferecer em várias secretarias e só falam no tempo e o vento que absurdo
    se atualiza quem fez este blog

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  2. Que secretarias Rafael ? Do que vc está falando ?
    Absurdo é que eu aposto que tu nunca leu a trilogia do Tempo e o vento e nunca viu a minissérie, por isso criticas e não entende o que isto está significando para o Estado, deveria era estar contente por este filme estar sendo rodado aqui na nossa cidade e não em qualquer outra....
    quem precisa se atualizar é vc....

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