sábado, 4 de fevereiro de 2012

Capela de Santa Thereza

A capela de Santa Thereza foi projetada pelo arquiteto Pedro Obino, em 1909, a pedido do próspero empreendedor Antônio Nunes Ribeiro de Magalhães, visconde Ribeiro de Magalhães. O templo foi consagrado a Santa Thereza, que nasceu em Ávila, na Espanha, no ano de 1515. Thereza era uma mulher lutadora que dedicou sua vida a Jesus Cristo e a reformar a Ordem dos Carmelitas, para que seguissem a norma antiga da clausura. Durante sua vida fundou 32 mosteiros, sendo 17 femininos e 15 masculinos. Escreveu as famosas obras: “Caminho de perfeição”, “Moradas ou Castelo Interior” e “Livro da vida”, além do poema “Nada te perturbe”. Foi canonizada em 1622 e em 1970, recebeu do papa Paulo VI o título de doutora da Igreja. Ornamentando a capela encontramos belos anjos, que se distribuem entre a fachada, colunas e frontão. Mas o que nos chama a atenção é um dos símbolos acima das duas colunas da entrada: o coração. Ao constatar o coração, representação do sentimento e da virtude, primeiramente achamos que se tratava do Sagrado Coração de Cristo, mas ao olharmos mais atentamente observamos que não traz a coroa de espinhos ao redor. Existe uma forte evidência que nos faz afirmar que tal símbolo é para lembrar a passagem da história de Thereza, que em um de seus êxtases místicos, um anjo transpassou seu coração com uma seta de fogo, simbolizando o amor divino. Atualmente, o coração que apresenta uma larga e profunda ferida, está guardado num relicário na Igreja das Carmelitas em Alba. Tal fato é comemorado em 27 de agosto pela Ordem Carmelitana como a festa da transverberação do coração de Santa Thereza. E foi eternizado por Gian Lorenzo Bernini na escultura barroca “Êxtase de Santa Thereza”, que está Capela Cornaro, Igreja de Santa Maria da Vitória, Roma. Junto do coração existem outros símbolos, como a espada em formato de cruz, uma ancora ou chicote e ramos de oliveiras. A espada é a principal representação do arcanjo Miguel, que une para si poder da vida e da morte, por isso seu formato de cruz. Expressa a guerra, paz e honra, mas sobretudo a vontade divina, a superioridade do espírito sobre a matéria e o ego. Ficamos em dúvida se um símbolo se era uma ancora ou chicote, sendo assim vamos interpretar os dois. A âncora representa a firmeza, segurança, tranquilidade e fidelidade, muito comum nas alegorias do Cemitério da Santa Casa de Bagé. Já o chicote é o poder da lei, muitas vezes seus açoites são comparados aos raios, eram insígnias de poder dos Faraós e de Iansã. Os ramos de oliveira são a força espiritual, do conhecimento e principalmente da paz. Era consagrada na Antigüidade a deusa Atena deusa da sabedoria, das ciências, das artes. O fato é que todos o símbolos analisados expressam as múltiplas qualidades de Thereza, pois sua história foi marcada por muita luta, dedicação e austeridade. Devemos parabenizar Marilu Teixeira da Luz e Eliane Pacheco, pois essas mulheres são guardiãs de um tesouro inestimável.

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