sexta-feira, 11 de novembro de 2011

Uma Santa Fé fora do papel




Cenografia inicia montagem para filme de Jayme Monjardim

FRANCISCO RODRIGUES

O povoado que Érico Veríssimo escolheu para narrar a história do povo do Rio Grande do Sul começa a brotar em um pedaço de pampa chamado Parque do Gaúcho. Desde ontem, a cenografia do longa-metragem dirigido por Jayme Monjardim está em Bagé, onde trata de edificar a Vila de Santa Fé até o dia 14 de fevereiro. A estrutura terá 19 casarões e a construção implica na contratação de até 50 trabalhadores.
Em um primeiro momento, 12 cenotécnicos - encarregados da construção da cidade cenográfica - começam a montagem da linha de produção de "O tempo e o vento". Liderados pelo cenógrafo Cláudio Costa, a equipe pretende encerrar a primeira fase da obra em até 30 dias. Costa garante que fará a contratação de mais 20 auxiliares dentro do município. "Até fevereiro, quando encerramos a construção do bruto da obra, iremos utilizar cerca de 90% da matéria-prima em Bagé. Vou precisar de cerca de 50 trabalhadores", afirma.
A vila que contará a saga das famílias Terra, Cambará e Amaral terá um total de 19 casarões ,além da figueira, que ornamentava e dava vida aos personagens da ficção que serão interpretados por atores globais. "A nossa expectativa é grande, vai ser um marco na história do Rio Grande do Sul. É difícil adaptar um roteiro tão amplo e uma cidade cenográfica inteira", disse Costa. A intenção da prefeitura é tornar a cidade cenográfica um novo ponto turístico de Bagé.
A construção será grande. A igreja onde o padre Lara rezava a missa terá 20 metros de comprimento por 17 de largura. A altura do santuário será de 12 metros e torres de 15, com a fundação feita em pedra e madeira rústica. O sobrado dos Terras é outra estrutura com 25 metros de comprimento por nove de largura. A altura aproximada será de 10 metros e meio e a residência terá piso interno e externo de madeira rústica e colunas de pedra.
A Vila de Santa Fé também terá quatro casas simples: a praça, o ferreiro, a intendência, a câmara e a tenda do capitão Rodrigo Cambará, também com fundação em pedra, com 17 metros de comprimento por 14 de largura. Costa adianta que, primeiramente, a estrutura seria feita de alvenaria. No entanto, não houve tempo hábil e a construção demandaria mais recursos. A durabilidade do material garante pelo menos dois anos sem necessidade de manutenção.

Produtor em Bagé
O produtor que será o profissional responsável pelo platô durante as gravações, Fernando Tietzmann, também está em Bagé. Ele garante que, ontem, foi dado o primeiro passo para a execução do longa-metragem, com o início da pré-produção. Tietzmann garante que as filmagens estão programadas para serem gravadas em 12 semanas, entre abril, maio e junho.
Além de Bagé, "O tempo e o vento" terá gravações em Candiota - onde será feita uma simulação das cidades das Missões -, em fazendas de Pelotas e interiores de Paulínia, em São Paulo. "Nossa expectativa é grande. Um grande filme, com grande elenco, ótimo equipamento. As gravações serão feitas em torno de 12 semanas, com profissionais de ponta no mercado nacional", explica. A produção será realizada pela empresa paulista Nexus Cinema e Vídeo e terá coprodução da gaúcha Panda Filmes.

O cinema na região
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Em 1996, o então cenotécnico Claúdio Costa trabalhou na produção do primeiro longa-mentragem do diretor gaúcho Sérgio Silva, “Anahy de Las Misiones”. Rodado em Uruguaiana, Caçapava do Sul e finalizado em Cambará do Sul, o filme conta a saga de uma família de mascates que rondava acampamentos militares durante a Revolução Farroupilha (1835-1845) para apanhar pertences de valor e trocá-los entre os exércitos oponentes. Uma das passagens mais marcantes do filme foi a construção de uma réplica do lanchão farroupilha Seival, puxado por 16 juntas de bois, cuja filmagem foi feita em Uruguaiana. Em uma das madrugadas de preparação, Costa foi flagrado pelo então editor do Jornal de Caçapava, jornalista Glauber Pereira, ao preparar um dos navios que tomariam Laguna liderados por José Garibaldi. Cláudio Costa, portanto, conhece o tema da identidade gaúcha e a região da Campanha.

FONTE JM

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